”-Um Pokémon que antes acreditava-se estar extinto. A espécie mantem sua mesma forma desde a 100 milhões de anos. Eles conseguem andar no solo marinho usando suas nadadeiras peitorais.” – Pokémon Emerald
Ainda me lembro do Professor Oak no PokéGear me dizendo que havia uma horda desse peixão na Rota 12 no jogo. Até então nunca o tinha visto, fui e o capturei. Quando vi sua aparência logo me lembrou um fóssil, e a sua descrição na Pokédex fazia jus ao que eu tinha pensado. Achei até que deveria ir ‘ressuscitar’ algum fragmento para ter ele no jogo na cidade de Pewter. Pois bem. Vou explicar o que aconteceu para que eu descobrisse porque ele foi simplesmente pescado no jogo. Mas antes de começar, o que você sabe sobre peixes? Você sabia que eles não existem ? Vou contar uma estória que vi numa aula logo que iniciei o ensino superior. ESPERA, VOU EXPLICAR!
No cladograma dos vertebrados abaixo, repare que o (grupo de organismos originados de um único ancestral comum exclusivo) o táxon ‘Pisces’ não é formado por descendentes de um mesmo ancestral comum. O que eu quero dizer é que o ancestral da lagartixa é o mesmo da sardinha e portanto não é considerado um grupo monofilético (agrupamento que inclui uma espécie ancestral e todas as suas espécies descendentes). Tudo isso porque o táxon foi criado com base na semelhança entre vertebrados aquáticos, pois os peixes possuem mais parentesco com o grupo dos Tetrápoda. E foi por isso que nunca me senti tão vazio depois de ter comido peixe no almoço :<
O Relicanth é baseado em um peixe de escamas grossas chamadas de escamas cosmóides encontradas apenas em peixes antigos. Chamado de Coelacanth (Lamimeria menadoensis ou L. chamlunae) que foi (re?)descoberto em 1938 na costa da Africa do Sul e Índia. Por eles viverem em lugares profundos, desenvolveram uma adaptação especial conhecida como Tapetum, presente em gatos, cachorros e polvos vampiros que causa o brilho no olho quando expostos a luz. Isso ajuda a captar luz mesmo em ambientes quase sem nenhuma luminosidade. Tão interessantes…!
Celacantos (como se fala por aqui) pertence a um clado de peixes predadores chamados de Sarcopterygii conhecidos através de por registros fósseis da época do Devoniano (400 a 360 milhões de anos atrás). São considerados os representantes dos anfíbios e todos os tetrápodes. E aí é que está.
Muitas vezes esse animal é mencionado como um ”fóssil vivo” por ter vivido em regiões isoladas e devido a esse isolamento quase não se modificaram em termos morfológicos, pois não houve ‘necessidade’ de mudanças (pressões seletivas) para que suas estruturas se modificassem de forma que os diferenciasse minimamente e serem considerados de outra espécie ou grupo. A expressão em que se diz que o indivíduo quase não se alterou morfologicamente soa errôneo e não é muito correto de se dizer, pois, nesse caso muitas lacunas temporais entre os Coelacanth atuais e do fóssil mais antigo de que se tem notícia, o Megalocoelacanthus dobei que viveu entre 145,5 milhões de anos atrás ainda não foram preenchidas.
Mas o que tem de tão importante nisso?
Essas criaturas são tão importantes porque com eles talvez que se consiga um pouco da a relação que eles possuem com os peixes pulmonados e os tetrápodes. Vestígios de uma estrutura óssea em seu adomem vem sido discutida desde o século 19 e apenas recentemente essa estrutura foi descrita como um pulmão vestigial em Celacantos do Paleozóico e Mesozóico. Pouco se sabia dos contemporâneos e apenas agora se comprovou que essa estrutura é uma adaptação a profundidade em que vive e talvez explique como sobreviveu durante tantas eras . Esse órgão vestigial está relacionado como uma reserva oxigênio, pois a região abaixo dessa estrutura está fortemente coberta por escamas mais duras e muito próximas as guelras. e acabam formando uma ponte evolucionária entre os animais marinhos e os terrestres, muitas vezes chamados de ”Elo Perdido”. E mais esses animais possuem pares de nadadeiras que lembram uma espécie de pés, divididos em três lóbulos e muitas vezes as usam para ‘andar’ no solo marinho. (Uow!)
Assim como no jogo, o Relicanth é raro de se achar como o Coelacanth, hoje acredita-se que existam pouco menos de 500 indivíduos nas regiões em que foi achado.Sem a conservação talvez percamos essa relíquia histórica.